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Regressar
Das coisas mais difíceis de fazer, quando se está emigrado, é regressar ao País que nos acolhe depois de umas férias em casa... Preparem-se... Todos passámos por isto e todos sabemos que as primeiras férias são as piores. Não é porque não se goste do que se está a fazer, mas porque as saudades ganham nova voz e nova força quando vamos a casa. Por isso, muitas pessoas preferem ir passar férias a outros países que não o de origem, ou então passar por outro país antes de regressar. Outros ainda, entram numa rotina de 8 semanas de trabalho, 2-3 semanas de férias... Parece enganar a coisa,dizem. De qualquer modo, os primeiros dias após o regresso são de nostalgia e até de alguma revolta. Depois, tudo volta ao normal. À medida que vamos entrando novamente na rotina, a forma calorosa como somos recebidos no Serviço( o meu é fantástico nisso, viva a SSCU-B!!)... Tudo vai ajudando a mitigar a saudade rebelde. Quando se emigra, nem tudo são rosas, mas é bom saber que há sempre quem ajude a tirar os espinhos... :-)
artigo original em http://historiadasarabias.blogspot.com/2011/11/regressar.html#comment-form
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Testemunho da Patrícia Batista, enfermeira no King Faisal Specialist Hospital and Research Centre

Riade
A aventura de chegar a Riade foi mesmo isso... Uma aventura! Depois de cerca de 8 horas de avião (6h de Paris a Riade,2h30 mais ou menos de Lx a Paris), ter chegado ao aeroporto e descobrir que a mala tinha ficado algures em Paris foi... Mau,muito mau!! TUDO lá dentro!! Ingenuamente, não trouxe roupa na bagagem de mão, porque já trazia demasiado peso... Ando há quase 1 semana com a mesma roupa: valem-me os 45ºC de temperatura e a baixa humidade que me têm permitido lavar a roupa e secá-la em 2h... Todos têm sido inexcedíveis por aqui... Pessoas que não conhecemos de lado nenhum oferecem-se para ajudar: emprestaram-me fardas (para poder lavar a roupa) arranjaram-me escova de dentes, dentífrico, até dinheiro me emprestaram(sim porque o cartão MB... Pifou!!Só sorte...)!!
Descobri que sou a 5ª Portuguesa neste Hospital. Só me falta conhecer duas delas... O Hospital é muito grande: para terem uma noção... O corredor principal que percorre o hospital de uma ponta a outra tem... 1Km de comprimento!! A área do Campus Hospitalar é de 920000m2!!! Uma das alas do Hospital(a Torre Norte) é digna de um palácio das 1001 Noites... Mármore do chão até ao tecto!
A cidade de Riade é enorme, mesmo pelos padrões americanos! Tem duas imponentes Torres que marcam a sua paisagem:a Al Faisalyiah e a Kingdom Tower. À noite, iluminadas, são lindas!!Ainda estou na fase de orientação: geral ao hospital e específica de enfermagem ANTES de ir para o meu serviço (Urgência Geral/Pediátrica-é mista aqui) e ter mais integração/orientação.E pronto, para já são estas as novidades. Estou agora à espera que me venham entregar a malfadada mala... Já sei 2 palavras árabes essenciais para se perceber a filosofia de vida por cá: "Insh´Allah"(o nosso 'oxalá') e "bookh´Ra"(amanhã,em árabe)... A loucura, portanto!
Estudar...
Depois da aventura da chegada e depois de devidamente instalada, há que trabalhar! Neste caso, uma mistura de trabalho e estudo! Após a Orientação Geral ao Hospital, que dura cerca de 2 dias com palestras, temos o GNO(General Nursing Orientation) onde temos de fazer um exame de cálculo de medicação-só para ver se precisamos de mais formação nesta área. Quem está na Área de Critical Care( que inclui so Serviço de Urgência) tem também um teste de interpretação de traçado de ECG(básico). Faz parte das funções da Enfermeira verificar e documentar o traçado do(s) doente(s) em cada turno(no início do turno). Aqui vigora o modelo Americano de Enfermagem, pelo que também fazemos auscultação pulmonar...
Depois, temos skills stations e check-offs para fazer durante os primeiros três meses. Para mim: BLS, ACLS,PALS, NRP(reanimação neonatal), Intubação com sedação de sequência rápida, traqueostomia,drenagem torácica, desfibrilhação/Pacing transcutâneo(TCP).... MUITO trabalho pela frente! Os cursos são dados pelo Hospital,só temos de comprar os manuais... Bem bom!! No entretanto, e após o término do GNO( que demora cerca de semana e meia), vamos para os Serviços e iniciamos a nossa integração lá... Juntamente com o resto.
A aventura de chegar a Riade foi mesmo isso... Uma aventura! Depois de cerca de 8 horas de avião (6h de Paris a Riade,2h30 mais ou menos de Lx a Paris), ter chegado ao aeroporto e descobrir que a mala tinha ficado algures em Paris foi... Mau,muito mau!! TUDO lá dentro!! Ingenuamente, não trouxe roupa na bagagem de mão, porque já trazia demasiado peso... Ando há quase 1 semana com a mesma roupa: valem-me os 45ºC de temperatura e a baixa humidade que me têm permitido lavar a roupa e secá-la em 2h... Todos têm sido inexcedíveis por aqui... Pessoas que não conhecemos de lado nenhum oferecem-se para ajudar: emprestaram-me fardas (para poder lavar a roupa) arranjaram-me escova de dentes, dentífrico, até dinheiro me emprestaram(sim porque o cartão MB... Pifou!!Só sorte...)!!
Descobri que sou a 5ª Portuguesa neste Hospital. Só me falta conhecer duas delas... O Hospital é muito grande: para terem uma noção... O corredor principal que percorre o hospital de uma ponta a outra tem... 1Km de comprimento!! A área do Campus Hospitalar é de 920000m2!!! Uma das alas do Hospital(a Torre Norte) é digna de um palácio das 1001 Noites... Mármore do chão até ao tecto!
A cidade de Riade é enorme, mesmo pelos padrões americanos! Tem duas imponentes Torres que marcam a sua paisagem:a Al Faisalyiah e a Kingdom Tower. À noite, iluminadas, são lindas!!Ainda estou na fase de orientação: geral ao hospital e específica de enfermagem ANTES de ir para o meu serviço (Urgência Geral/Pediátrica-é mista aqui) e ter mais integração/orientação.E pronto, para já são estas as novidades. Estou agora à espera que me venham entregar a malfadada mala... Já sei 2 palavras árabes essenciais para se perceber a filosofia de vida por cá: "Insh´Allah"(o nosso 'oxalá') e "bookh´Ra"(amanhã,em árabe)... A loucura, portanto!
Estudar...
Depois da aventura da chegada e depois de devidamente instalada, há que trabalhar! Neste caso, uma mistura de trabalho e estudo! Após a Orientação Geral ao Hospital, que dura cerca de 2 dias com palestras, temos o GNO(General Nursing Orientation) onde temos de fazer um exame de cálculo de medicação-só para ver se precisamos de mais formação nesta área. Quem está na Área de Critical Care( que inclui so Serviço de Urgência) tem também um teste de interpretação de traçado de ECG(básico). Faz parte das funções da Enfermeira verificar e documentar o traçado do(s) doente(s) em cada turno(no início do turno). Aqui vigora o modelo Americano de Enfermagem, pelo que também fazemos auscultação pulmonar...
Depois, temos skills stations e check-offs para fazer durante os primeiros três meses. Para mim: BLS, ACLS,PALS, NRP(reanimação neonatal), Intubação com sedação de sequência rápida, traqueostomia,drenagem torácica, desfibrilhação/Pacing transcutâneo(TCP).... MUITO trabalho pela frente! Os cursos são dados pelo Hospital,só temos de comprar os manuais... Bem bom!! No entretanto, e após o término do GNO( que demora cerca de semana e meia), vamos para os Serviços e iniciamos a nossa integração lá... Juntamente com o resto.
Algumas dicas para quem quer ir trabalhar para a Arábia Saudita

Vacinas, vestuário...
Para quem está a pensar vir para a Arábia, aqui ficam alguns conselhos... Preparem-se para gastar uma soma importante de dinheiro só nos preparativos.
Não se esqueçam de passar pela consulta da Medicina do Viajante com,pelo menos, um mês de antecedência. Estas consultas são MUITO concorridas,têm de ser marcadas com quase dois meses de antecedência.
Neste momento, aqui estão a vacinar contra a Polio também. Sugiram na consulta fazê-la antes de vir. Uma toma confere imunidade vitalícia. Tragam dinheiro:pelo menos 500€ em SAR(reais sauditas). Apesar de haver MB aqui, pode-vos acontecer o que me aconteceu a mim, ou seja, o cartão não funcionar.
Tragam roupa fresca para o verão e mais quente para o inverno. Apesar do que dizem as agências de recrutamento, podem trazer jeans e blusas de alças. Temos de andar de abaya mesmo, por isso não interessa muito o que se traz por baixo. No entano, tragam roupa conservadora(saias pelo tornozelo, camiseiros largos e de manga comprida). Aqui não se pode mostrar a figura,nem os braços,nem as pernas. Podem trazer havaianas, sandálias, qualquer tipo de sapato. Tragam alguma roupa na bagagem de mão,para eventuais perdas/atrasos na bagagem...Tragam MUITO protector solar de factor elevado e MUITO creme hidratante de corpo! Mesmo que não usem em casa, aqui vai ser essencial!E é tudo, para já....
Fonte: http://historiadasarabias.blogspot.com/
Para quem está a pensar vir para a Arábia, aqui ficam alguns conselhos... Preparem-se para gastar uma soma importante de dinheiro só nos preparativos.
Não se esqueçam de passar pela consulta da Medicina do Viajante com,pelo menos, um mês de antecedência. Estas consultas são MUITO concorridas,têm de ser marcadas com quase dois meses de antecedência.
Neste momento, aqui estão a vacinar contra a Polio também. Sugiram na consulta fazê-la antes de vir. Uma toma confere imunidade vitalícia. Tragam dinheiro:pelo menos 500€ em SAR(reais sauditas). Apesar de haver MB aqui, pode-vos acontecer o que me aconteceu a mim, ou seja, o cartão não funcionar.
Tragam roupa fresca para o verão e mais quente para o inverno. Apesar do que dizem as agências de recrutamento, podem trazer jeans e blusas de alças. Temos de andar de abaya mesmo, por isso não interessa muito o que se traz por baixo. No entano, tragam roupa conservadora(saias pelo tornozelo, camiseiros largos e de manga comprida). Aqui não se pode mostrar a figura,nem os braços,nem as pernas. Podem trazer havaianas, sandálias, qualquer tipo de sapato. Tragam alguma roupa na bagagem de mão,para eventuais perdas/atrasos na bagagem...Tragam MUITO protector solar de factor elevado e MUITO creme hidratante de corpo! Mesmo que não usem em casa, aqui vai ser essencial!E é tudo, para já....
Fonte: http://historiadasarabias.blogspot.com/
Artigo lançado pela Revista Sol

A Arábia Saudita começa a ser um oásis para as enfermeiras insatisfeitas com a situação laboral em Portugal.
Para Riade, a capital do país, emigraram já quatro portuguesas. O objectivo: ganhar muito dinheiro. Por mês recebem acima de 3.200 euros, livres de impostos.«Toda a gente vai para a Arábia Saudita pelo mesmo motivo:ganhar dinheiro», frisa a pioneira portuguesa, Sofia Macedo. Esta enfermeira de 28 anos mudou-se para Riade em Fevereiro de 2009, para receber um bom ordenado. Acabou por ganhar também um noivo, um engenheiro hidráulico francês, que trabalha na companhia nacional das águas da Arábia Saudita. Mas sobre o desafio de uma mulher solteira namorar naquele país falaremos adiante.
Em Portugal, segundo Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, existirão cerca de três mil enfermeiros desempregados. Cansadas do cenário de precariedade, Sofia Macedo, Andreia Viana, Marta de Sousa e Diana Oliveira desvalorizaram as diferenças culturais do mundo árabe e apostaram na estabilidade económica e na realização profissional.Isentas de impostos e com alojamento e despesas de água, luz e gás pagos, as quatro enfermeiras conseguem ter um nível de vida que dificilmente teriam em Portugal. Dois anos de experiência profissional e domínio do Inglês são os requisitos exigidos.«Ninguém pode ir para lá sem ter contrato de trabalho; só se é aceite se a agência de recrutamento for bem vista no país», explica Sofia Macedo. É o caso da Professional Connections, empresa através da qual as portuguesas conseguiram contrato de trabalho na Arábia.Ann Griffin-Aaronlahti, directora da Professional Connections, explica ao SOL que, devido ao rápido desenvolvimento dos cuidados de saúde e dos grandes hospitais da Arábia, entre 1970 e 1980, houve sempre necessidade de recrutar expatriados. Mas, sublinha, «a percentagem de enfermeiras ocidentais tem vindo a aumentar desde 2008».De 800 para 3.500 euros com contratos renováveis de um ano, 50 dias de férias anuais, horas extraordinárias pagas a 150% e viagens gratuitas no início e no final do ano, as quatro portuguesas decidiram aventurar-se num país onde as mulheres não podem conduzir e onde têm de usar abaya (longo vestido preto, que cobre pernas e braços) quando andam na rua.
Em Outubro de 2010, Andreia Viana, que trabalha em cuidados paliativos ao domicílio, trocou os 800 euros, que recebia na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, pelos cerca de 3.500 euros de ordenado no Hospital King Faisal, em Riade. «Em seis meses, consegui poupar sete mil euros», conta. Andreia, de 28 anos, evidencia que foi preciso ficar a uma distância de mais de 5.000 quilómetros de casa para se sentir «completamente realizada». «A vida lá é mais facilitada. Na minha equipa somos sete enfermeiras e sete tradutores e são os tradutores que nos conduzem à casa dos doentes», explica. Em Portugal, Sofia Macedo ganhava entre 1.200 e 1.300 euros. Em Riade começou por ganhar 3.200 euros e, após ter sido promovida a educadora clínica (cargo que não existe em Portugal), passou a auferir 3.800 euros. «Se fizesse uma vida de trabalho-casa, gastaria por mês só 500 euros». Além do salto económico, a enfermeira portuense cresceu profissionalmente: «Como é um hospital que trabalha com 36 nacionalidades diferentes, é uma experiência muito enriquecedora, pois tudo se faz segundo a melhor investigação do estrangeiro».Sofia conta que ao Hospital King Faisal - um dos mais prestigiados do Médio Oriente - «chegam, todos os meses, 40 enfermeiros vindos de todo o mundo». E acrescenta ter colegas portuguesas a querer seguir-lhe os passos.
Em casa de solteira, rapaz não entra. Na Arábia, as enfermeiras expatriadas e solteiras ficam a residir no campus do hospital, em acomodações só para mulheres. Ali, rapaz não entra. Já as enfermeiras casadas vivem num compound (área habitacional privada, onde só se entra com autorização). É o caso da alentejana Marta de Sousa, de 33 anos, que vive em Riade com o marido. Na Arábia, não há cinemas ou discotecas. Nem transportes públicos. Quando necessário, o hospital disponibiliza serviço de transporte. Nos tempos livres, as quatro expatriadas vão a centros comerciais ou a restaurantes - sendo que nestes existe uma área para famílias e mulheres solteiras e outra para homens solteiros.Marta de Sousa explica, ao SOL, que também é possível «ir às praias privadas em Jeddah, onde se pode vestir biquini, ou fazer mergulho no Mar Vermelho». Além disso, existem passeios no deserto ou festas nas embaixadas. Foi, aliás, numa festa na embaixada dos EUA que Sofia Macedo conheceu François, com quem namora há um ano e meio. O namoro em terras árabes tem sido um desafio para ambos, até porque o facto de uma mulher solteira sair com um homem pode ser motivo para detenção, por parte da Polícia Religiosa. Sofia já sabe os locais onde a polícia se encontra e, por isso, é cautelosa nos gestos de afecto: «Se se agir naturalmente, eles não pedem os documentos aos casais e como somos os dois brancos, com ar europeu, acabam por não incomodar muito», observa. Sofia admite, porém, que «os entraves são grandes e só quando se gosta muito de alguém é que as relações podem funcionar». Se não estivesse noiva, a enfermeira portuense ficaria em Riade até se fartar. Mas, como o contrato de trabalho de François termina em 2012, seguir-se-á outro país: «Provavelmente ficaremos em Inglaterra, mas o mundo é uma ervilha e podemos ser enfermeiras em qualquer parte do mundo. Menos em Portugal, para muita tristeza minha».
Para Riade, a capital do país, emigraram já quatro portuguesas. O objectivo: ganhar muito dinheiro. Por mês recebem acima de 3.200 euros, livres de impostos.«Toda a gente vai para a Arábia Saudita pelo mesmo motivo:ganhar dinheiro», frisa a pioneira portuguesa, Sofia Macedo. Esta enfermeira de 28 anos mudou-se para Riade em Fevereiro de 2009, para receber um bom ordenado. Acabou por ganhar também um noivo, um engenheiro hidráulico francês, que trabalha na companhia nacional das águas da Arábia Saudita. Mas sobre o desafio de uma mulher solteira namorar naquele país falaremos adiante.
Em Portugal, segundo Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, existirão cerca de três mil enfermeiros desempregados. Cansadas do cenário de precariedade, Sofia Macedo, Andreia Viana, Marta de Sousa e Diana Oliveira desvalorizaram as diferenças culturais do mundo árabe e apostaram na estabilidade económica e na realização profissional.Isentas de impostos e com alojamento e despesas de água, luz e gás pagos, as quatro enfermeiras conseguem ter um nível de vida que dificilmente teriam em Portugal. Dois anos de experiência profissional e domínio do Inglês são os requisitos exigidos.«Ninguém pode ir para lá sem ter contrato de trabalho; só se é aceite se a agência de recrutamento for bem vista no país», explica Sofia Macedo. É o caso da Professional Connections, empresa através da qual as portuguesas conseguiram contrato de trabalho na Arábia.Ann Griffin-Aaronlahti, directora da Professional Connections, explica ao SOL que, devido ao rápido desenvolvimento dos cuidados de saúde e dos grandes hospitais da Arábia, entre 1970 e 1980, houve sempre necessidade de recrutar expatriados. Mas, sublinha, «a percentagem de enfermeiras ocidentais tem vindo a aumentar desde 2008».De 800 para 3.500 euros com contratos renováveis de um ano, 50 dias de férias anuais, horas extraordinárias pagas a 150% e viagens gratuitas no início e no final do ano, as quatro portuguesas decidiram aventurar-se num país onde as mulheres não podem conduzir e onde têm de usar abaya (longo vestido preto, que cobre pernas e braços) quando andam na rua.
Em Outubro de 2010, Andreia Viana, que trabalha em cuidados paliativos ao domicílio, trocou os 800 euros, que recebia na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, pelos cerca de 3.500 euros de ordenado no Hospital King Faisal, em Riade. «Em seis meses, consegui poupar sete mil euros», conta. Andreia, de 28 anos, evidencia que foi preciso ficar a uma distância de mais de 5.000 quilómetros de casa para se sentir «completamente realizada». «A vida lá é mais facilitada. Na minha equipa somos sete enfermeiras e sete tradutores e são os tradutores que nos conduzem à casa dos doentes», explica. Em Portugal, Sofia Macedo ganhava entre 1.200 e 1.300 euros. Em Riade começou por ganhar 3.200 euros e, após ter sido promovida a educadora clínica (cargo que não existe em Portugal), passou a auferir 3.800 euros. «Se fizesse uma vida de trabalho-casa, gastaria por mês só 500 euros». Além do salto económico, a enfermeira portuense cresceu profissionalmente: «Como é um hospital que trabalha com 36 nacionalidades diferentes, é uma experiência muito enriquecedora, pois tudo se faz segundo a melhor investigação do estrangeiro».Sofia conta que ao Hospital King Faisal - um dos mais prestigiados do Médio Oriente - «chegam, todos os meses, 40 enfermeiros vindos de todo o mundo». E acrescenta ter colegas portuguesas a querer seguir-lhe os passos.
Em casa de solteira, rapaz não entra. Na Arábia, as enfermeiras expatriadas e solteiras ficam a residir no campus do hospital, em acomodações só para mulheres. Ali, rapaz não entra. Já as enfermeiras casadas vivem num compound (área habitacional privada, onde só se entra com autorização). É o caso da alentejana Marta de Sousa, de 33 anos, que vive em Riade com o marido. Na Arábia, não há cinemas ou discotecas. Nem transportes públicos. Quando necessário, o hospital disponibiliza serviço de transporte. Nos tempos livres, as quatro expatriadas vão a centros comerciais ou a restaurantes - sendo que nestes existe uma área para famílias e mulheres solteiras e outra para homens solteiros.Marta de Sousa explica, ao SOL, que também é possível «ir às praias privadas em Jeddah, onde se pode vestir biquini, ou fazer mergulho no Mar Vermelho». Além disso, existem passeios no deserto ou festas nas embaixadas. Foi, aliás, numa festa na embaixada dos EUA que Sofia Macedo conheceu François, com quem namora há um ano e meio. O namoro em terras árabes tem sido um desafio para ambos, até porque o facto de uma mulher solteira sair com um homem pode ser motivo para detenção, por parte da Polícia Religiosa. Sofia já sabe os locais onde a polícia se encontra e, por isso, é cautelosa nos gestos de afecto: «Se se agir naturalmente, eles não pedem os documentos aos casais e como somos os dois brancos, com ar europeu, acabam por não incomodar muito», observa. Sofia admite, porém, que «os entraves são grandes e só quando se gosta muito de alguém é que as relações podem funcionar». Se não estivesse noiva, a enfermeira portuense ficaria em Riade até se fartar. Mas, como o contrato de trabalho de François termina em 2012, seguir-se-á outro país: «Provavelmente ficaremos em Inglaterra, mas o mundo é uma ervilha e podemos ser enfermeiras em qualquer parte do mundo. Menos em Portugal, para muita tristeza minha».